São tantas as águas que me cercam
Tantos rios de tantas coisas que vêem
De tantas cores que as águas se enfeitam
Trazem na correnteza palavras de alguém
De outros rios já levei caldos de naufragar
A mim deixar flutuar é que não queriam
Nadar então já nem sequer podia sonhar
E nem meus braços nem pernas podiam
Em outro mês encontrei uma nau certeira
Navegando em turbulento e bravo e alto rio
Navegava sozinha, em direção contrária, a beira,
Mirando o oposto, faminta, sedenta e com frio
Havia um leme na minha mão direita
E na outra uma bússola a me direcionar
O barco ao léu está agora à minha espreita
Quero ser o porto onde ele irá enfim atracar
No momento estou distante e ausente
Eu na minha campina a observar o barco
Ele num rio verde a navegar somente
Quero que o vento traga-me seu arco
Pra viajarmos juntos daqui pra frente
Dois homens navegando num rio calmo
De mãos dadas, a favor da corrente
Eu e você compondo um novo salmo.
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